SOY CONTRA

jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

22.8.14

O CONHECIMENTO E A NOTÍCIA

http://www.discourses.org/OldArticles/Knowledge%20and%20News.pdf

30.9.09

ARNALDO JABOR, O BOQUIRROTO, EXPLICA TUDO EM HONDURAS

Arnaldo Jabor explicou tudo no Jornal da Globo desta terça-feira (29/09): “Zelaya, que é um ‘Chavezinho’ de Honduras, que queria se eleger para sempre virou uma vítima dos golpistas. É claro, é claro que ele sofreu um golpe, mas queria dar outro”.

Veja aqui: http://colunas.jg.globo.com/arnaldojabor/2009/09/30/a-armacao-de-chavez-sobre-o-brasil/

Ou seja, mais ou menos como Jango em 1964. É ridículo ver a direita embolorada pedir o impeachment de Lula e de Celso Amorim e denunciar que o Brasil está ferindo o princípio da “neutralidade”. A revista Time entendeu que os tempos mudaram, mas o PiG não. Aliás, os tempos mudam conforme a sua conveniência.

O Fernando Henrique não mexeu na Constituição para se reeleger? E ainda comprou votos de parlamentares por 200 mil reais?

Esses caras querem fazer de Honduras o Vietnã de Lula. Como Jabor demonstrou, esses caras ainda estão na segunda metade do século passado, quando eles tinham o dinheiro e podiam comprar quem quisessem – inclusive a História do Brasil.


Leia mais sobre nosso amigo Jabor aqui e aqui.



25.9.09

O EPITÁFIO DO JORNALISMO, POR LUIZ CARLOS AZENHA

No Viomundo:

Aconteceu -- e eu duvido que alguém consiga dizer exatamente quando.

Há quem jogue a culpa na vitória do Google sobre a reportagem. O "gúgle", como um entrevistado que ouvi em um telecentro de uma estação de metrô de São Paulo definiu a ferramenta de buscas mais conhecida da internet, de fato se tornou o melhor amigo dos jornalistas. E, ainda que indiretamente, contribuiu para a perda da capacidade de "ouvir" dos repórteres. As novas tecnologias ajudaram a desumanizar o jornalismo e criaram nas redações os idiotas da objetividade, incapazes de perceber que há dramas humanos por trás das notícias.

Há quem jogue a culpa no novo perfil dos jornalistas. Quando comecei a carreira, como repórter-carteiro de um jornal de Bauru, em 1972, eu era filho de um comunista remediado. Éramos todos "remediados". Mesmo o "seo" Moreno, o editorialista do Jornal da Cidade, que odiávamos por ser um tremendo reacionário, escrevia suas catilinárias de um ponto-de-vista que hoje seria definido como de um "populista de direita". Nenhuma afetação dos quatrocentões do Estadão.

Éramos, de certa forma, todos representantes dos deserdados. Um dos redatores era gay, numa época em que ninguem saia do armário. Outro, um professor, vociferava "contra o sistema". "Sistema" era a ditadura militar. O diretor do jornal era um sindicalista ferroviário que havia sido cassado pelos militares. O dono do jornal, um empresário bem sucedido, se conformava em empregar aquela plebe rude. Não havia muita escolha. Nós éramos "jornalistas".

Hoje, como sempre enfatiza o Leandro Fortes, a Globo, a Folha e a Veja formam os seus próprios "monstrinhos". São os meninos e meninas da classe média, do Google, dos seriados americanos que passam na TV a cabo. São esses os jornalistas de hoje. As redações se "profissionalizaram". Os idiotas da objetividade venceram.

No tempo do futebol pelo rádio uma jogada dependia mais do narrador do que da classe do centroavante. Eram ataques fulminantes, defesas espantosas, o futebol no Philco lá de casa era muito mais vivo que o jogado na grama esburacada do estádio "Alfredo de Castilho". Hoje, os narradores da SporTV nos enchem de estatísticas. O que importa que no confronto entre Santos e Corinthians o Santos tenha vencido 188 vezes -- contra 123 vezes do Corinthians -- se na partida que está sendo jogada AGORA, que é a que interessa, o Santos está perdendo?

Eu não tenho a menor noção sobre o que motivou esse fosso, nem quando ele se abriu.

Apenas constato que o Jornalismo se desumanizou.

Outro dia eu escrevi o seguinte sobre os preconceitos exibidos sem qualquer pudor por nossos colunistas:

Ler os jornais brasileiros, hoje em dia, equivale a se expor a uma exibição despudorada de preconceitos vindos daqueles que, por ilustração, deveriam ser os primeiros a reconhecê-los. Mas o ódio de classe cega. Cega a ponto de fazer com que gente "bem" se exponha de maneira abertamente pornográfica. Há, subjacente ao preconceito, um motivo comercial a incentivar esse strip-tease ideológico: em um ambiente cada vez mais competitivo, marca quem chamar mais a atenção.

Não importa que o striper nos ofereça um corpo surrado, barrigudo, salpicado de celulites e estrias. Importa é que prestemos atenção nele, ainda que fortuitamente. Semana que vem, ele promete, tem mais. Dispensa-se o convencimento embasado em conhecimento e na razão. Importa é causar debate, atrair tráfego e leitores, "brilhar". Na sociedade midiatizada, inauguramos a era dos "midiotas". Assim como temos os famosos que são famosos por serem famosos, temos os comentaristas que são lidos pela capacidade de chocar. São as "moscas" da Folha de S. Paulo, jornal marqueteiro que quer nos vender o supra sumo do elitismo e do preconceito como algo revolucionário, "in your face", ousado. Que o espírito de Raul Seixas tenha piedade deles.

Hoje, li de Mauro Santayanna a seguinte descrição de dois crimes bárbaros, que receberam uma cobertura desumana de grande parte da mídia:

Duas notícias, destas horas, deviam mover a consternação e a indignação da sociedade brasileira. O assassinato de uma adolescente, em favela de São Paulo, por um agente da polícia municipal de São Caetano do Sul, provocou a reação irada da população. O Estado, há muito tempo, não tem conseguido preparar suas forças para manter a ordem. A jovem Ana Cristina foi baleada quando os guardas municipais perseguiam um homem, suspeito de roubar um carro. Para recuperar um veículo, mataram uma pessoa.

Ao retirar grupo do MST de uma fazenda que ocupava, em São Gabriel, a polícia militar gaúcha, além de assassinar pelas costas um lavrador, e de usar armas que provocam choque elétrico, cães, cavalos e bombas, aterrorizou e torturou, física e psicologicamente várias crianças. Um bebê foi ferido por estilhaços no rosto. O fato será denunciado ao Ministério Público pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

E constatei, com pesar, que Jornalismo e Humanismo deixaram de ser sinônimos.

Tragam o "seo" Moreno de volta. Ele era reacionário, sim. Mas era humano.

Luiz Carlos Azenha é jornalista. Uma vez, pela TV Manchete, conseguiu uma entrevista exclusiva com Mikhail Gorbatchev, no meio da rua, em plena União Soviética. Enquanto o premier sorria para as câmeras, os seguranças da KGB chutavam a canela do repórter.

CIRO GOMES ABRE A ERA PÓS-LULA

Em 2010, o Brasil terminará de atravessar uma época de inédita estabilidade política. Serão 16 anos em que o poder esteve nas mãos de presidentes eleitos – duas vezes cada um. No ano que vem, a população terá a oportunidade de avaliar candidatos e partidos que já tiveram a oportunidade de mostrar a que vieram. Não haverá mais heróis como Collor, piadas como Enéas, intelectuais garbosos como FHC, nem sapos barbudos como Lula. O Brasil vai poder comparar ideologias, programas, vai poder escolher o Brasil que queremos. Waaaalllll...


Ciro Gomes percebeu isso e saiu na frente. Está peregrinando por programas de TV para apresentar sua candidatura. Seu discurso não poderia ser mais oportuno: com FHC e Lula na balança, o operário língua-presa vence de goleada. Para o desespero dos reacionários da velha guarda, como o boca-frouxa Boris Casoy.



Enquanto FHC privatizou tudo quanto pôde, Lula fortaleceu a Petrobras e o Banco do Brasil.


Enquanto FHC aumentou a dívida pública para 78% do PIB, Lula virou credor do FMI.


Enquanto FHC quebrou o Brasil três vezes, Lula segurou a barra da maior crise do capitalismo moderno.


É do interesse de muita gente polarizar a disputa entre Serra e Dilma, PSDB e PT. A única coisa que eles têm em comum é que são generais linha-dura, que centralizam o poder e comandam com mão de ferro. Qualquer um dos dois, se eleito, vai radicalizar para o seu lado. Até porque ambos possuem o carisma de um buldogue.


Ainda que representem as forças mais poderosas da política nacional, existe a chance de ambos naufragarem. Num Brasil em que os pobres estão começando a acreditar que também são gente – graças ao bolsa-família –, há bastante espaço para novas idéias, desgarradas dos velhos conceitos que fizeram da segunda metade do século XX uma tragédia econômica e social – não só aqui, mas em toda a América Latina.


Ciro Gomes, Marina Silva e Aécio Neves têm a chance de apresentar novas idéias para um país que está na moda. Basta que tenham aprendido algo com os acontecimentos dos últimos 16 anos. O catálogo de cagadas e oportunidades perdidas no Brasil é bem completo e está à disposição para consulta.

16.8.09

2.8.09

GILMAR DANTAS NEGA LIMINAR DO DEM CONTRA COTAS NA UnB

Leonardo Echeverria e Priscilla Borges - Da Secretaria de Comunicação da UnB


O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, negou o pedido de liminar ajuizado pelo Democratas contra o sistema de cotas da Universidade de Brasília. Na Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 186), o partido pedia a suspensão imediata das matrículas dos 654 estudantes cotistas negros aprovados no último vestibular da instituição. Agora, o assunto será discutido em plenário pelos outros ministros.

Para o ministro Gilmar Mendes, a ação levou à Suprema Corte “uma das questões constitucionais mais fascinantes de nosso tempo”. Para ele, a discussão sobre o tema no Brasil chegou “ao auge” e a ação movida pelo DEM é “de suma importância” para a democracia brasileira. Porém, o presidente do STF diz que não vê razão para suspender a matrícula ou para interferir no andamento dos trabalhos da universidade antes que uma decisão final seja proferida pelo STF.

Em uma peça que cita Norberto Bobbio, Gilberto Freyre, Caetano Veloso, Ronaldo Fenômeno e os atentados de 11 de setembro, Gilmar Mendes lança uma série de questionamentos quanto às ações afirmativas, existência de raças no Brasil e tipos de preconceitos existentes. “Somos ou não um país racista?” “Até que ponto exclusão racial gera preconceito?” “A adoção do critério da renda não seria mais adequada para a democratização do acesso ao ensino superior no Brasil?” ”Esses estudos (que apontam para a diferença de padrão de vida entre negros e brancos) poderiam ser questionados?” Todas essas perguntas ficam no ar, sem resposta. O texto cita quatro vezes o livro “Não Somos Racistas”, de Ali Kamel, diretor de jornalismo da TV Globo.

REPERCUSSÃO - Na Universidade de Brasília, a decisão foi recebida com alívio. “Estou surpreso, mas de uma forma positiva”, diz o professor José Jorge, um dos idealizadores do sistema de cotas. “O voto indica uma qualidade da discussão que nos favorece, quando lembra que junto à liberdade e à igualdade, existe a fraternidade, e as cotas são um exercício de fraternidade", afirma o professor.

“Agora temos mais tempo para nos organizar. Estamos conclamando um debate com toda a sociedade civil, a partir da perspectiva dos movimentos negros”, conta Rafael Moreira, aluno de Antropologia que entrou na UnB pelo sistema de cotas em 2005. “O momento agora é de angariar forças e apoios para essa disputa, que é de formação da opinião pública”, completa. 

“A decisão correspondeu à expectativa da universidade, de que esse assunto não pode ser resolvido liminarmente, mas sim no Plenário do Supremo”, disse o reitor José Geraldo de Sousa Junior. “Eu acredito que deve prevalecer o sentido emancipatório do direito, levando em conta os direitos humanos internacionais e as definições da Constituição que apóiam as ações afirmativas como pressuposto da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais”.

ÔNUS - A advogada do DEM, Roberta Kaufmann, disse em entrevista à UnB Agência que não se sentiu derrotada. Ao contrário, explicou que ficou extremamente feliz" com a decisão de Gilmar Mendes. "Ele esclareceu todos os ônus que a política racialista poderia trazer", diz a advogada. "Acredito que ele se coadunou com a nossa tese". Roberta conta que peregrinou por vários partidos até achar um que apoiasse a causa defendida por ela. "Para mim, isso é uma questão de ideologia", diz. 

Segundo a advogada, a decisão de entrar com a ação na semana seguinte à divulgação dos resultados do vestibular, durante as férias do Supremo, não foi uma estratégia pensada. Ela diz que a ação tinha intenção de impedir a matrícula dos alunos antes que o registro fosse feito, mas tinha certeza que o presidente do STF nunca ia dar uma decisão que ferisse direitos adquiridos. Roberta nega que tenha movido a ação para que o ministro Gilmar Mendes resolvesse sozinho a questão das cotas. "Isso foi para que o processo não entrasse na vala comum do STF, onde as decisões demoram anos", afirma.

Depois da negativa do pedido de liminar, Roberta està ansiosa para fazer a defesa oral da ação no plenário. "As cotas estão com os dias contados", prevê.  

17.6.09

QUALQUER UM PODE SER JORNALISTA. MAS TEM QUE LER

O STF derrubou a exigência do diploma para a prática do jornalismo.

Diploma já era. Agora a briga é dos sindicatos! Regular o exercício da profissão, manter os pisos salariais, fiscalizar sempre. Primeira sugestão: prova de português e interpretação de texto para os focas. Os sem-diploma vão ter que estudar também, ler bastante, apresentar um nível intelectual adequado. Uma faculdade sempre vai fazer diferença para quem quer viver da profissão. Mas a não-obrigatoriedade do diploma vai abrir espaço pra muita gente que leu os livros certos.

No Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, "Saiu a lei Áurea do jornalismo".

- Mauro Santayana, outro excelente jornalista, costuma dizer que a exigência do diploma elitizou as redações. As redações não refletiam mais a composição da sociedade brasileira: as redações se tornaram quase brancas, quase ricas e quase ignorantes… Jornalista deveria ter um curso universitário: estudar matemática, história, filosofia, biologia – e fazer um curso profissionalizante de jornalista de, no máximo, três meses. O diploma fez os jornalistas parecidos com os donos dos jornais. E ajudou a construir o PiG (Partido da Imprensa Golpista).

Na UnB, Gonzaga Motta prevê o esgarçamento da profissão:

- Aparentemente, só empresas provincianas, familiares ou pouco profissionais têm interesse no fim do diploma. Isso daria a elas liberdade para empregar parentes, afilhados e compadres, sem formação. Talvez o fim do diploma possa ser também útil a algumas empresas de fachada moderna, mas interessadas no enfraquecimento da profissão para reduzir salários e manipular as relações empregatícias.

22.3.09

DATAFODA-SE

Deu na Folha de S. Paulo:

Líder na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, o governador de São Paulo, José Serra, tem o apoio de 40% dos eleitores mineiros quando seu adversário dentro do PSDB, Aécio Neves, está fora da disputa pelo Planalto, conforme revela a pesquisa Datafolha realizada em nove Estados. (...)

A liderança de Aécio Neves em Minas, no entanto, é ampla no cenário sem Serra. Ele conta com 67% das intenções de voto, seguido por Ciro (7%), Heloísa (6%) e Dilma 5%.


A besta que inventou essa manchete não lembrou que essa hipótese só vale se Aécio morrer. Vivo, mesmo que não seja candidato, ele apóia alguém (que não vai ser o Serra), e esse alguém será o favorito em Minas. Tanto que, veja, se Aécio está na disputa, Serra perde para todos os candidatos.

O Datafoda-se não divulgou qual a percentagem de votos em Serra em SP. É menos de 5% (talvez zero?). Já em SP, "o estado mais desenvolvido do país", Serra tem 52%.

Paulo Henrique Amorim diz que o Vesgo do Pânico tem mais chances de se eleger do que o Serra. Ah, aquelas gengivas, aquela simpatia...