jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

27.4.06

FRANKLIN MARTINS vs DIOGO MAINARDI

Na discussão em que os dois se meteram há duas semanas, falta ao Franklin Martins dizer no quê deu o desafio que ele lançou na semana passada. Pediu "tudo ou nada" a Mainardi. Quem perdesse, largava o emprego.

Diogo Mainardi escreve semanalmente a mais de 1 milhão de leitores da Veja. Resolveu contar quais jornalistas de Brasília tinham parentes ou cônjuges atuando diretamente no poder federal, o que classificou como “frouxidão ética”. Mostrou falas de senadores empolgados ao nomear Victor Martins, irmão de Franklin, diretor da ANP - a agência reguladora do mercado de combustíveis. O senador Luiz Otávio, do PMDB, comentou: "Os 42 votos favoráveis a Victor Martins são uma homenagem nossa ao jornalista Franklin Martins". A nomeação de Victor foi assinada pelo presidente Lula.

O jornalista da TV Globo desafiou Diogo a nomear um único senador que tenha recebido pedidos dele em favor do irmão. Victor Martins levou o cargo porque é um “profissional conceituado na área do petróleo”. Se um confirmasse o lobby, Franklin pediria as contas e abandonaria o jornalismo. E anunciou processo indenizatório contra Diogo na Justiça civil. Seu artigo de resposta chama-se “Desafio a um difamador travestido de jornalista”. Termina assim dizendo que “o macartismo não me intimida. O sr. Mainardi, muito menos”. O artigo foi publicado em sites direcionados a jornalistas.

A tréplica veio na Veja: “Eu sei que Franklin Martins jamais pediu algo a um senador. Eu sei também que muitos parlamentares jamais pediram o mensalão. Foi-lhes oferecido. Eles simplesmente aceitaram.” De quebra, Mainardi ainda citou os empregos públicos da mulher de Franklin e de outra irmã Martins. “É muito ‘profissional conceituado’ para uma família só”.

Mainardi vive de polêmica, é o que lhe garante seu posto de estrela da Veja, ocupando apenas dois terços de página por semana. E é bom de deboche. Em seu artigo, Franklin Martins chamou Diogo de "difamador", "leviano", "anão de jardim", "doidivanas", "bufão", "caluniador", "tolo enfatuado" e "bobo da corte". Mainardi repetiu todos os adjetivos, e disse que só não aceitava ser chamado de bobo da corte. “Quem pertence à corte é Franklin, que tem o irmão nomeado diretamente pelo presidente da República”, disparou o colunista.

Outros jornalistas citados simplesmente ignoraram Mainardi. Franklin Martins lançou um desafio do tipo “tudo ou nada, bola ou búrica”. E ganhou uma resposta abaixo da linha da cintura.

E agora, Franklin?

PAULO OCTÁVIO vs REGUFFE

Reguffe, o dublê de jornalista e aprendiz de político, entrevistou Paulo Octávio para seu programa na TV APOIO (canal 22 da NET). Ele tenta. Lembra quando, no auge das denúncias sobre o TST contra Luiz Estevão, o então senador foi falar com Reguffe? Lulu massacrou todas as perguntas do entrevistador, falou grosso e deu toda a sua versão no programa. Reguffe ficou sem palavras.

A P.O., Reguffe pergunta se seria ético contratar pessoas para fazer propaganda eleitoral (a respeito das camisetas e adesivos que já circulam na cidade, com a sigla do empresário).

- “Quem contratou que pessoas? Eu já vi muitos carros com o adesivo de Reguffe.”

Reguffe pediu os comerciais. Depois, perguntou se não haveria conflito de interesses na candidatura ao governo, sendo Paulo Octávio empresário e político. A resposta novamente aludiu ao entrevistador:

- Se eu fosse médico, seu fosse jornalista, teria orgulho em me tornar um político.

Reguffe se apresenta como jornalista, e vai concorrer entusiasmado pela segunda vez a deputado distrital. Já confessou ter desejado se lançar candidato a governador. No programa, quer aparecer de independente e contestador. É uma postura política. Para ele, a televisão é um palanque tão bom quanto para Luiz Estevão e Paulo Octávio. Eles falam o que querem e do jeito que querem na frente de um âncora tão boçal. Reguffe fica mais perto do poder.