jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

30.11.07

LULA SOBE A FAVELA

Lula, o presidente, subiu hoje o morro do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo, no Rio de Janeiro. Foi a 1km acima do nível do asfalto. Inaugurou obras do PAC nas favelas: casas, ruas, uma praça bolada pelo Oscar Niemeyer, um bondinho teleférico e um elevador, ao estilo do Elevador Lacerda de Salvador.

Nuncaantesnestepaís o presidente subiu a favela. Fernando Henrique, o anti-Lula (e vice-versa), não passou nem perto. Segundo o próprio Lula, FHC passaria longe:

- Fernando Henrique, se a corda apertar, viaja para Paris. Nós ficamos aqui comendo o pão que o diabo amassou. Esta pátria é nossa.

Lula disse isso em 1999, num ato "Fora FHC". Hoje, no Rio, Lula, como não podia deixar de ser, desfiou sua cultura popular:

1. Rico quando mora em morro, é chique. Pobre é favela, é vergonha.
2. Pobre não quer sair da favela. É mais perto do trabalho e onde sua vida está estruturada.
3. Não é qualquer um que, de cima da favela, acorda e vê o mar do Rio de Janeiro.
4. Pra quê pobre quer elevador? Pra subir o morro.


Lula também revelou que sua convivência com Rosinha Garotinho, ex-governadora do RJ, era horrível. O atual governador, Sérgio Cabral, aproveitou para fazer parolagem:

- Nós estaremos entregando as titulações de propriedades para as famílias do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo.

Caô brabo. A promessa é pra quando as obras ficarem prontas. E porque não em todas as favelas da cidade? Se quisesse, Sérgio Cabral começaria a fazer isso na segunda-feira. É só mapear o terreno e fazer os loteamentos. Com a escritura, os moradores poderiam oferecer sua casa como garantia de empréstimo, hipotecá-las e até mesmo vendê-las por um valor mais alto. Deixaria de ser favelado no mesmo instante. Mas Sérgio cabral está preocupado em realizar mais uma cerimônia.

28.11.07

JULIETTE, A MAIS GATA DO ROCK N´ ROLL



Juliette Lewis de novo? Esse é o mal de se apaixonar, não se cansa nunca... A música acima é "Got Love to Kill". Ela está mais linda do que nunca... Abaixo, a tradução mal-feita de um trecho:

Mulher,
entre e caminhe como se o lugar fosse seu
mexa-se
você tem que se encontrar e dominar tudo

Você não queria mudar o mundo?
Como uma criança que voa?
Mas você se vira e vai embora
Diga adeus para mais um dia


Mais de Juliette and the Licks:
Hot Kiss (a música mais famosa)
Sticky Honey (a música mais divertida)
You´re Speaking My Language (a música mais da pesada)

17.11.07

NORMAN MAILER, O GRANDE REBELDE DAS LETRAS (1923-2007)



Morreu Norman Mailer. Ele era o cara. Tanto que a personagem principal de seus livros era ele mesmo. Despontou para a fama aos 25 anos, com "Os Nus e Os Mortos", romance passado na 2a Guerra Mundial, da qual participou como soldado. Queria mais e ambicionou escrever "o grande romance americano", o farol literário pelo qual as próximas gerações seriam guiadas.

Não conseguiu. Seus maiores trabalhos, que transformaram Mailer em personalidade pública e num dos mais profícuos escritores estadunidenses, foram os ensaios e as reportagens. Na primeira categoria, destacam-se "O Prisioneiro do Sexo", em que desanca o movimento feminista; "Cartas Abertas ao Presidente", em que desfia conselhos ao então recém-eleito John Kennedy; e "Advertisements for Myself", onde disseca as nuanças de sua própria personalidade. Na segunda, inaugurou o "novo jornalismo": fez o relato do "combate do século" entre Muhammad Ali e George Foreman em "A Luta"; biografou as vidas de Marylin Monroe e Lee Harvey Oswald; e contou a verdadeira historia da "marcha para o Pentágono" em "Os Degraus do Pentágono". Sempre tendo a si mesmo como protagonista, mas tratado na terceira pessoa. Por que isso?

- Requer-se uma testemunha que seja participante, mas não um engajado, um partisan; além disso, deve estar não só envolvido, mas ser ambíguo em suas próprias proporções, um herói cômico. Assim, se o acontecimento ocorria no manicômio da história, era apropriado que qualquer herói cômico ambíguo dessa historia estivesse não só situado muito à margem da história, mas fosse também um egoísta das mais espantosas proporções, utrajantemente e, com freqüência, malfadadamente arrogante, mas, apesar disso, senhor de uma independência de julgamento e de um desapego genuinamente clássicos em sua severidade. Logo, se a História habita num manicômio, talvez o egoísmo seja o último instrumento que resta à História.

Mailer tinha a noção que para escrever sobre seu tempo, era necessário viver esse tempo intensamente. Meteu-se em tudo. Lutou boxe, teve seis esposas, bebeu sempre (principalmente em eventos públicos), tomou as drogas que apareceram, escreveu teatro, dirigiu filmes e candidatou-se a prefeito de Nova Iorque. E recomendava que todos fizessem o mesmo:

- Eu tenho raiva da covardia de nosso tempo que nos atirou ao chão de nossos compromissos medíocres, derrubando-nos da nossa paixão mais luminosa por ficarmos eretos e sermos originais... Nós crescemos num mundo mais decadente do que o pior que houve no Império Romano, um mundo covarde correndo atrás de tempos melhores (o que se pode achar louvável) mas procurando isso sem a coragem de pagar o alto custo da consciência total, perdendo assim o prazer em altos e baixos de ansiedade. Nós queremos o fogo da orgia e não o seu assassínio, o calor do prazer sem o contraste da dor, e portanto o futuro ameaça como um pesadelo, e nós continuamos a desperdiçar os nossos espíritos.

Nos últimos anos, sua importância foi tornando-se cada vez menor. Depois do 11 de setembro, era tratado como fanfarrão. Edward Said, o mais importante estudioso do mundo árabe, também falecido, recusava-se a comentar as idéias de Mailer: "ele é apenas ignorante". Falava mal de Bush, mas atraía bem menos holofotes que Michael Moore. Mailer tinha uma teoria sobre isso também:

- Já não somos uma cultura literária. Somos uma cultura televisiva. Os escritores já não são tão importantes quanto antes. É o que digo, sem nenhum prazer.

Leia aqui uma biografia em quadrinhos de Norman Mailer.

9.11.07

RIQUELME, O HOMEM-ARANHA BRASILEIRO



O verdadeiro super-herói brasileiro tem cinco anos de idade e usa a roupa do Homem-Aranha. Riquelme dos Santos estava brincando na rua, vestido com sua fantasia de Homem-Aranha, quando viu a casa de uma vizinha pegar fogo. A vizinha e seu filho mais velho, de dez anos, saíram da casa, mas não puderam resgatar a outra filha, Andrieli, de um ano e dez meses. Ela ficou presa no quarto enquanto a casa era destruida pelas chamas.

Riquelme, o Homem-Aranha, se apresentou à mãe da vítima. Disse que ela não gritasse, nem chorasse, que ele salvaria sua filha. Riquelme atravessou o fogo, entrou no quarto, tirou Andrieli do berço e saiu da casa com a menina nos braços. A cena aconteceu na cidade de palmeira, em Santa Catarina.

Mais de 80% da casa de 50 m2 foi destruída pelo fogo. Se Riquelme não usasse suas habilidades de Homem-Aranha, provavelmente seria mais uma vitima do fogo, diz o major Macedo, do Corpo de Bombeiros:

- Do que a gente conhece, com anos de experiência neste serviço, podemos dizer que entrar em um incêndio é algo que requer um certo cuidado. Com esta atitude ele poderia ter se tornado mais uma vítima.

Após o salvamento, a vizinha ainda ofereceu a Riquelme uma nota de 50 reais. Riquelme, um super-herói que se preza, não aceitou a recompensa.

Veja aqui a reportagem da TV RBS.