jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

15.10.06

ISRAEL: A TERRA PROMETIDA É FEITA DE SANGUE E FOGO

“A 14 de maio de 1948, se confirmaram as previsões dos profetas judeus. Segundo essas predições, o povo hebreu seria condenado a 2.000 anos de vida errante e miserável, findos os quais deveria regressar à Palestina onde, depois de grandes dificuldades , encontraria finalmente a paz". Essa declaração foi uma das primeiras oficiais do recém-formado Estado de Israel. Nesse mesmo dia 14 de maio de 1948, dia de sua fundação, Israel enfrentou sua primeira guerra contra nações árabes, e continua na mesma luta até hoje. Quase 60 anos depois, a paz não veio.

Todos os dias os telejornais mostram atentados, bombardeios e tiroteios envolvendo israelenses e palestinos. Judeus e muçulmanos. Ao contrário do que parece aos olhos do telespectador ocasional, essa guerra tem menos a ver com religião do que com terra. Uma terra do tamanho do estado de Alagoas, pouco mais de 22.000 km2.


Invasão israelense em Ramallah (Cisjordânia), 2002

Essa terra era o enclave britânico da Palestina. Depois da 1ª Guerra Mundial, os Aliados dividiram o Oriente Médio: Iraque, Síria, Turquia, Líbano, Jordânia e Palestina. A Inglaterra ficou com essa última em 1922, onde viviam mais de 650.000 árabes e 56.000 judeus. Em 1946, a proporção era de 1.000.000 de árabes para 700.000 judeus. Essa migração em massa de judeus era o movimento sionista, os judeus de volta à terra prometida.

O movimento sionista começara a se organizar em 1897, e ganhava força, prestígio e dinheiro da comunidade internacional. O Barão de Rothschild, riquíssimo banqueiro londrino, era um de seus expoentes. Judeus de todo mundo afluíam à Palestina, comprando terras inférteis e organizando os kibutz, fazendas coletivas socialistas. As terras eram propositalmente compradas em pontos espalhados da Palestina, demarcando as fronteiras do que seria o futuro país judeu.

Atentado terrorista em Tel-Aviv (Israel), 2000

A Inglaterra abandonaria o comando da Palestina em 1948, já recomendando a divisão do território em dois: um árabe e outro judeu. Os árabes, que ocupavam a terra desde o ano 638, não aceitaram a divisão. Mas assim foi feito. O resultado foi a guerra, a primeira. De um lado, os árabes palestinos, apoiados por Egito, Síria, Líbano e Jordânia. Do outro, os judeus, que treinaram no exército britânico e receberam armas da Tchecolslováquia. Mesmo em menor número, porém mais organizados e preparados há mais tempo para o conflito, os judeus não só estabeleceram o Estado de Israel como ampliaram suas fronteiras, eliminando o Estado Palestino e deixando mais de 800.000 palestinos refugiados nos países vizinhos.

Outras guerras se seguiram como a de 1967 (quando Israel tomou ainda mais territórios dos vizinhos) e a do Líbano. Hoje, estima-se em 3.000.000 os refugiados palestinos, vivendo na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, territórios mantidos sob vigilância dos “postos de controle” do exército israelense.

Guerrilheiros da Brigada de Mártires Al Aqsa


Pode-se resumir assim: judeus ocuparam a Palestina árabe, criaram seu estado judaico, os árabes reagiram com guerras e as perderam, os palestinos ficaram sem país, mantém sua luta por meio dos ataques terroristas, mas são diariamente bombardeados por mísseis, bombardeiros e tanques que invadem e destroem suas já precárias cidades. E reagem com mais homens-bomba. É tudo o que têm. Porque a paz há muito tempo não parece uma opção, para nenhum dos dois lados.

Nenhum comentário: