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28.8.07

ENTREVISTA COM MAQUIAVEL, POR MINO CARTA



Mino: O que o sr. acha do livro "A Cabeça do Brasileiro", citado largamente pela mídia nativa e apreciado pelos privilegiados? Segundo a obra, que resulta de uma pesquisa, a elite brasileira é “o farol da modernidade”, enquanto a plebe rude e ignara é o lado negro do País.

Maquiavel: Não se fala em outra coisa em Florença. É isso mesmo, porque o livro cria um contraste muito interessante em relação ao Príncipe e prova que o povo brasileiro entra neste enredo como um campo fértil, semeado à larga com a vocação do poder.

Mino: Como assim?

Maquiavel: A se considerar os resultados da pesquisa, verifica-se, sem sombra de dúvida, que os cidadãos de baixa extração social, sobretudo negros e pardos, reúnem as qualidades do líder, do verdadeiro príncipe, conforme o descrevo em minha obra.

Mino: E a elite?

Maquiavel: Não, a elite é, deste ponto de vista, um desastre. Muito insegura, cordata, amarrada a injunções éticas que o chefe não pode permitir-se. Repare como respondem à pergunta ‘se alguém é eleito para um cargo público, deve usá-lo em benefício próprio?’ Quarenta por cento dos analfabetos respondem sim e somente 3% de nível superior.

Mino: Mas o príncipe impõe e conserva seu poder sem perder vista o bem geral...

Maquiavel: Você não entendeu direito, o príncipe vale-se do poder para sujeitar o povo às suas vontades. Olha, a pesquisa deste senhor Almeida estarrece os sábios de todo o mundo, mostra que o Brasil é, ao seu modo, um país único, a terra prometida dos gênios da política.

Nicolau Maquiavel nasceu há 638 anos em Florença, na Itália. Pensador renascentista, inaugurou a ciência política moderna com o livro "O Príncipe", em que dá conselhos sobre como governar um povo. É dele a frase: "os fins justificam os meios".

O livro "A Cabeça do Brasileiro" é uma pesquisa do sociólogo Alberto Carlos Almeida, que compara a opinião dos analfabetos (17% da população) com a dos brasileiros que têm curso superior (3,4% da população). Segundo reportagem da revista Veja, é a prova cabal que o a "elite nacional é o farol da modernidade".

Um comentário:

Anônimo disse...

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