O PCC SUMIU. MAS SÓ NA IMPRENSA.
O jornalista Paulo Henrique Amorim publicou hoje uma entrevista com a coleguinha Fátima Souza, que acaba de lançar o livro "PCC - A Facção". O livro é uma reportagem sobre a gênese do Primeiro Comando da Capital e seus métodos. São histórias apuradas ao longo de dez anos pela repórter. Na entrevista (leia aqui), Fátima Souza conta que existe uma acordo entre o Governo de São Paulo e a imprensa (Rede Globo à frente) para não chamar o PCC pelo nome:
- Uma parte da imprensa tem evitado tratar da sigla tratando ela como uma quadrilha, como se isso fosse resolver o problema. De outro lado, também interessa ao governo que o PCC não esteja diariamente na mídia. Então, muitos casos que são apresentados na imprensa, embora os bandidos que fizeram o crime sejam do PCC, nem sempre isso tem sido divulgado, ao contrário do que acontecia antigamente.
Fátima nos lembra que ano que vem tem eleição para vereador e prefeito, e muita gente que falhou no combate ao PCC vai sair candidato. Essa tática não é nova, e já foi tratada aqui neste espaço, em duas ocasiões, ambas em maio de 2006, logo após os ataques terroristas que pararam São Paulo.
A primeira foi quando o jornalista Roberto Cabrini realizou uma entrevista com Marcola, o chefe do PCC. O bandido falou de dentro de sua cela, pelo celular. A reação do governo paulista foi imediata: negou a veracidade da entrevista e ainda ameaçou processar Cabrini por "apologia ao crime". Veja aqui.
A segunda foi quando as organizações Globo resolveram não mais chamar o PCC pelo nome. Virou "facção criminosa de São Paulo" (veja aqui). No seu livro, Fátima Souza informa que há mais de uma. Nos presídios de SP, o poder é dividido entre o PCC, o Terceiro Comando da Capital (TCC) e o Comando Brasileiro da Criminalidade (CBRC). Mas isso não é informação que o povo precise saber.
Como o comício pelas Diretas Já, na Praça da Sé, em 1984. Na reportagem da Globo, aquele amontado de gente estava ali apenas comemorando o aniversário da cidade de São Paulo. Mas não tem problema. Quando o PCC quiser aparecer na TV, é só sequestrar outro jornalista.
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