TIAGO CAMILO, O SAMURAI BRASILEIRO

No judô, o ippon equivale ao nocaute no boxe. É o golpe perfeito, que derruba o adversário de costas no chão. Assim, Tiago Camilo pode se considerar mais que campeão mundial de judô na categoria até 81 kg. Chegou lá com perfeição: ganhou todas as suas lutas por ippon, incontestável. Na sua quinta luta do dia, não precisou de dez segundos para derrubar um judoca da Croácia.

Foi sua segunda exibição perfeita no Rio de Janeiro. Em julho, no Pan, Tiago também conquistou a medalha de ouro vencendo todas as suas lutas por ippon (veja no vídeo acima). De todos os judocas brasileiros, com certeza Tiago Camilo é o que dá mais espetáculo. Tal como os samurais de antigamente, que trilhavam o caminho do bushido, Tiago Camilo também busca a perfeição, sempre:

- Estou há muito tempo batalhando nesse caminho longo e estreito. O importante é você ser campeão em todos os dias de sua vida. Esta vitória demonstra minha busca pela perfeição.

Campeão pan-americano, campeão mundial, agora só falta a Tiago o título olímpico. Para chegar em Pequim no ano que vem, Tiago Camilo antes precisa disputar a vaga com aquele que talvez seja seu maior adversário: o brasileiro Flávio Canto, medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Os dois disputam na mesma categoria, até 81 kg. Na seletiva para Atenas, Tiago Camilo vencia Flávio Canto até os segundos finais, quando foi punido pelo juiz por falta de combatividade. A decisão foi contestada até mesmo nos tribunais, mas Canto manteve a vaga. Ele ficou de fora deste mundial porque está contundido.

Essa disputa mostra o alto nível do judô brasileiro, que está arriscado a ser o melhor do mundo neste mundial. Além de Tiago Camilo, sagraram-se campeões mundiais o brasiliense Luciano Corrêa e o gaúcho João Derly, que já havia conquistado o ouro no Mundial do Egito, em 2005. O carioca João Gabriel Schlittler conquistou o bronze. A França, maior adversário do Brasil, tem dois ouros, duas pratas e um bronze.

E a Edinanci? Perdeu. Ela e a gatinha Danielle Yuri. É pena, valia a pena ver esse sorriso de novo...