"TROPA DE ELITE" É FILME DE GENTE GRANDE

O filme "Tropa de Elite" foi anunciado como "um dos filmes mais esperados do ano". É verdade. Tão esperado que, mesmo sem ter sido lançado nos cinemas, já virou sucesso no mercado pirata de DVDs. Sucesso merecido. É um filmaço, à altura de "Cidade de Deus" e "Carandiru".

"Tropa de Elite" é a história de três policiais do Bope, a swat da PM do Rio de Janeiro. As personagens vivem entre policiais corruptos, traficantes de drogas, estudantes maconheiros e uma vida de muito trabalho e poucas recompensas. Nada disso é alvo de "crítica social" do filme, pelo contrário, são dados da realidade, instituições a que as personagens são submetidas. Nesse cenário, cada um faz as suas escolhas, que são tomadas à revelia do bom-gosto de espectador.

Isso fica claro nas cenas em que o Capitão do Bope, o Zeroum, aparece torturando adolescentes e executando bandidos. O que nas páginas de jornal aparece como crime hediondo e violência policial é mostrado friamente. As emoções da personagem não estão aí. Estão na sua honestidade, na sua dedicação ao trabalho e no amor à família. E isso faz dele o herói do filme. Se o herói é assim, imagine-se como são os vilões e os coadjuvantes. No filme, talvez o pior defeitos seja a ingenuidade. Como explica o capitão do Bope:

- O sistema não existe para resolver os problemas da sociedade. O sistema exise para resolver os problemas do sistema.

Se você já tem opinião formada sobre o tráfico de drogas e a ação da polícia, não veja esse filme. Seja qual for a sua opinião, você vai descobrir que está errado.