jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

11.3.08

JORNAL NACIONAL DÁ A MESMA NOTÍCIA TODOS OS DIAS

Fatos são fatos. Mas quem faz a notícia são os jornalistas. Os do Jornal Nacional, da Globo, fazem-nas segundo suas escolhas. Que já estão manjadas. Dois exemplos da edição de terça-feira:

01. Dunga fez mais uma convocação para a seleção brasileira, dessa vez para um jogo comemorativo da Copa de 58, contra a Suécia. Para o repórter da Globo, "uma ausência foi sentida". Por quem, cara-pálida? Entre todos os milhares de fatos que envolvem uma convocação do escrete canarinho, a Globo escolheu um que não aconteceu: Ronaldinho Gaúcho não foi chamado por Dunga. Ou seja, mesmo que não jogue, Ronaldinho Gaúcho é a notícia. Não será nem o jogo em si, nem a renovação do elenco depois da palhaçada da última Copa, nem mesmo uma discussão sobre quem são os titulares e os reservas.

Sabe-se que a Globo paga uma bolada fenomenal à CBF pelos direitos exclusivos sobre a seleção. Mas quem determina os "titulares absolutos" da seleção é o técnico. No caso, Dunga, o colorado.

02. O governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, foi flagrado contratando os serviços de uma prostituta. Nos USA, isso é treta braba (aqui, Geane Mary Corner, a cafetina do Congresso, nunca foi incomodada pela polícia). Mas, para o JN, o fato é apenas um apêndice da pré-campanha eleitoral do Império do Tio Sam. A notícia começa tratando de Hillay e Obama, e, nesse contexto, a putaria do governador deve causar alguma dor de cabeça à Hillary Clinton, a quem Spitzer apóia. Agora, o que tem Hillary a ver com isso? O site da revista "The Economist" traz o escândalo de Nova Iorque na capa, mas a matéria não cita nem Hillary nem Obama uma única vez. Conta como a polícia pegou Spitzer com a boca na botija, lista os crimes em que o governador pode ser enquadrado e traça-lhe uma breve biografia. Destaca que o homem forte de NY chegou lá com um discurso moralizador, depois que, como procurador do Estado, botou figurões de Wall Street no xilindró. Poder, sexo, difamação pública, essa história oferece tudo isso, mas o JN prefere Hillary e Obama.

No final da matéria, o repórter Roberto Kovalick relata que o governador Spitz, segundo as prostitutas, é um cliente "difícil".

O que quer dizer "difícil"? Violento, caloteiro ou broxa?

Um comentário:

Unknown disse...

E viva a Juliette Lewis! Vamos em frente. Abç.