jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

23.5.07

IMPRENSA E PF QUEREM BOTAR FOGO NO CIRCO. MAS ELES SÓ TÊM FUMAÇA.



A Operação Navalha está nas manchetes. E daí? Nada. Foram presas 46 pessoas, apareceram gravações telefônicas no Fantástico, um ministro caiu, o Congresso já quer fazer CPI, surgiu uma lista de presentes da Gautama para parlamentares de todas as cores e gêneros. Bom, dessas 46 pessoas, 26 já foram soltas. As outras 20 só ficam até semana que vem, quando vencem os 10 dias da prisão temporária. As gravações do Fantástico não mostram nenhum flagrante de corrupção e essa lista de presentes, bem como a CPI, é uma palhaçada completa. Todo esse bafafá não serve à Justiça nem aos cofres públicos. Apenas à imprensa é à Polícia Federal.

À imprensa porque estampa manchetes e porque lhe empresta uma aura denuncista e moralizadora. À Polícia Federal porque mostra sua força e cria um movimento favorável às investigações. Nada a ver com a condenação de corruptos. O que a PF fez foi cumprir mandados de busca e prisão temporária. Tecnicamente, a Operação Navalha ainda está em fase de investigação. Depois desse espetáculo todo é que começa o trabalho: baseado nas provas recolhidas pela PF, o Ministério Público vai acusar quem acha que deve ser acusado. Uma lista certamente menor que a dos 46 presos temporários. Daí vai pra Justiça, que vai decidir se houve roubalheira ou não. Coisa pra alguns anos.

Até isso acontecer, ficamos com o circo. A divulgação de tantas conversas telefônicas mostra bem como funciona a parceria entre polícia e imprensa. Essa divulgação é uma ilegalidade flagrante, pois são conversas privadas; talvez se tornem públicas quando forem anexadas a um processo, que ainda não existe. No entanto, Glória Maria anuncia com um estrondo: "as gravações que provam o envolvimento de políticos nas denúncias de corrupção". Provam nada, a não ser a irresponsabilidade dos redatores da Globo. O resto são verbos no futuro no pretérito. Hoje, TVs divulgam nomes que "estariam" numa lista de presentes distribuídos pela construtora Gautama.

Estariam numa suposta lista de presentes que podem ter a ver com corrupção. Manchetes como essa provam que, para se ter uma notícia, muitas vezes não se precisa de fatos.

E o Delúbio, hein? Ele já confessou que entregou dinheiro vivo para políticos. Há quase dois anos. E continua livre para ir para onde bem entender. Olha que nem foro privilegiado ele tinha...

5 comentários:

f disse...

Sim, você sabe usar a crase!

O interessante desta operações da PF é como a imprensa age como se fosse uma baita investigação e reportagem, quando na verdade, o jornalista mais reproduz release e documento da PF. O jornalismo investigativo está de férias.

No mais, niilismo faz parte do jornalista, soy contra.

Unknown disse...

Acho que a Polícia Federal está fazendo um excelente trabalho. E a imprensa reproduz informações que recebe deste órgão.

Nunca pessoas desse porte foram presas e acho excelente que máfias estejam sendo descobertas e expostas. Só colabora para o país.

A evolução é gradativa. As coisas hoje estão melhores do que éram antes. E só tendem a melhorar. Com certeza haverá uma evolução do Poder Judiciário no sentido de punir os culpados e da opinião pública em pressionar pelo fim dos privilégios.

Só acho que a Polícia Federal deveria distribuir as informações igualmente para os órgãos de comunicação. Sem privilegiar a Globo.

De resto: Excelente. Só o fato desses homens, com seus imensos égos, serem presos, algemados em frente a suas famílias. Ótimo. Além disso enfrentarão processos as vida inteira, gastarão com advogados e terão para sempre seus nomes lembrados. Já é uma punição.

Essa é minha opinião!

Anônimo disse...

Sim, eu sei usar a crase! Aprendi na 6a série.

Anônimo disse...

O velho Charles Bronson da Bahia merece respeito. Tudo bem que foi preso em mais uma operação embusteira da Polícia Federal, como de costume transformada em circo pela imprensa. Mas dessa vez ele trouxe um elemento novo, isso mesmo, diferente dos presos em outras operações (que já estão todos soltos), Zuleido Veras tinha o bom e velho cotume de prometer a proprina, porém pagar era outra coisa. Se antes da operação o velho já enrolava para entregar a grana (Pedro Passos que o diga), imagina agora. Muito político está correndo da sala para a cozinha e não é por medo de ser preso (isso é passageiro e costuma dar voto nas próximas eleições), o problema vai ser receber aquela grana da emenda aprovada na semana passada.

Anônimo disse...

Zuleido, o corruptor, continua em cana. Os corruptos já estão na rua. No Brasil, quem paga propina vai preso. Já quem recebe...