jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

26.6.07

GUERRA CIVIL NA PALESTINA: HAMAS vs. FATAH



A Palestina está em guerra. Desta vez, não contra Israel, mas contra ela mesma. Apenas dois anos depois de Israel ter retirado todos os seus assentamentos da Faixa de Gaza, o território foi tomado pelo Hamas. O que isso significa? Muita coisa, e para se entender isso é preciso voltar 40 anos atrás.

A 5 de junho de 1967, teve início a Guerra dos Seis Dias, quando oito países árabes enfrentaram Israel pelo controle de um território menor que o estado de Sergipe, cerca de 22.000 km2. Seis dias depois, Israel não só venceu a guerra, como também expandiu suas fronteiras, tomando para si o controle da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e das Colinas de Golã. Ali enterrou-se o sonho de um estado palestino. A Palestina virou, definitivamente, um país sem território.

Depois de anos de escalada da violência, a chance à paz veio com os acordos feitos em Oslo, na Noruega, em 1993, quando criou-se a Autoridade Nacional Palestina (ANP), e Israel concordou em transferir para seu controle a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. O acordo não deu certo: bombas, tanques, ataques militares e atentados terroristas continuaram. Isaac Rabin, primeiro-minitro de Israel que apertou a mão de Yasser Arafat em 1993, foi assassinado por um judeu radical.

A Autoridade Nacional Palestina começou a ganhar autonomia após a morte de Yasser Arafat, em 2004. Mahmmoud Abbas, do Fatah, chegou à presidência da Palestina em 2005, mesmo ano em que Israel retirou seu povo da faixa de Gaza e a cedeu aos palestinos. Hoje, a Palestina se
divide em dois territórios, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, separados pelo território israelense.

No ano passado, o Hamas venceu as eleições legislativas e indicou o primeiro-ministro, Ismail Haniya. Isso bastou para que a comunidade internacional desse início a um boicote econômico contra a Palestina. Afinal, o Hamas é um partido que prega abertamente a destruição total de Israel. Pressionado, o presidente Mahmoud Abbas demitiu Ismail Hanyia e dissolveu o governo de união entre o Hamas e o Fatah. O Hamas reagiu expulsando os agentes do Fatah da Faixa de Gaza.

Agora, é cada um para o seu lado. Hamas na Faixa de Gaza, Fatah na Cisjordânia. E Israel no meio. George Bush e Israel acenam carinhosamente para Mahmoud Abbas com incentivos econômicos e libertação de prisioneiros do Fatah. Seu principal objetivo é isolar o Hamas, até que se enfraqueça por completo.

Os confrontos na Faixa de Gaza já mataram mais de 100 pessoas e deixou outras centenas como muçulmanos refugiados, que tiveram de fugir para Israel. Oficialmente, o Hamas não cogita a separação da Palestina em duas (o Hamastão e a Fatahlândia), mas seus membros não querem saber de Mahmoud Abbas: queimam fotos dele beijando Condoleeza Rice, a mulher forte de George Bush.

Mahmoud Abbas tampouco quer saber de conversa:

- Não há diálogo com esses golpistas assassinos.

O movimento é isolar o Hamas. O Hamas já está sozinho na Faixa de Gaza. Agora resta saber o
que farão os "golpistas assassinos".

Um comentário:

Unknown disse...

Muito esclarecedor seu texto a cerca da guerra que sucede na faixa de gaza. Muito bom!