RIO DE JANEIRO: ANTES DE MELHORAR, VAI PIORAR
Uma igreja cravejada de balas. À frente dela, dois garotos anunciam a venda de papelotes de cocaína. A alguns metros dali, um homem vigia tudo abraçado a um fuzil AK-47. Mais distante, morro abaixo, carros negros blindados, pintados com a imagem de caveiras, param para remover um carro Palio que obstrui a passagem. Os tiros começam a pipocar. Gente que sai para trabalhar sofre revistas policiais, na ida e na volta. No bar, um senhor negro, grisalho e usando óculos senta-se à mesa:
- Os tiros são lá em cima, não chegam aqui.
As cenas que compõem a ocupação policial do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, apenas sugerem como será travada uma longa guerra contra facções de traficantes que comandam os morros cariocas. A ocupação do Complexo do Alemão começou há um mês e já deixou 44 mortos. 19 num único dia da semana passada. Foi quando a polícia conseguiu tomar o Morro da Alvorada, um dos pontos mais altos da região, e estratégico para disparar contra traficantes que se movimentam em outros morros mais baixos. Às vezes pedindo licença, outras vezes usando pés de cabra para arrombar as portas dos barracos, os policiais usam residências de família como trincheira.
Tudo faz parte de um plano maior. Primeiro, para o Complexo do Alemão, depois para outras favelas. Lula, o presidente, anunciou que vai despejar 520 milhões de reais para urbanizar o Complexo do Alemão e aumenta a infra-estrutura do Estado nas favelas. Ruas asfaltadas ajudam o policiamento, a fiscalização e a implantação de serviços públicos, como luz e água corrente. A previsão é que as obras comecem ainda este ano. Com os policiais por lá.
O planejamento é abrangente, a ação é ousada, a intenção é corajosa. Mas vai piorar antes de melhorar. A manchete da revista Carta Capital diz: Rio de Janeiro antes do Apocalipse.
O que se pode esperar? Ataques terroristas ao Pan, como represália? Ônibus queimados? Novas disputas territoriais entre traficantes? O programa Domingo Espetacular, da TV Record, mostrou conversas telefônicas entre facções rivais de traficantes. Uns comemorando a derrota dos outros.
- Não tem mais viciado pra comprar teu pó? - pergunta um deles, em tom de gozação.
- Os tiros são lá em cima, não chegam aqui.
As cenas que compõem a ocupação policial do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, apenas sugerem como será travada uma longa guerra contra facções de traficantes que comandam os morros cariocas. A ocupação do Complexo do Alemão começou há um mês e já deixou 44 mortos. 19 num único dia da semana passada. Foi quando a polícia conseguiu tomar o Morro da Alvorada, um dos pontos mais altos da região, e estratégico para disparar contra traficantes que se movimentam em outros morros mais baixos. Às vezes pedindo licença, outras vezes usando pés de cabra para arrombar as portas dos barracos, os policiais usam residências de família como trincheira.
Tudo faz parte de um plano maior. Primeiro, para o Complexo do Alemão, depois para outras favelas. Lula, o presidente, anunciou que vai despejar 520 milhões de reais para urbanizar o Complexo do Alemão e aumenta a infra-estrutura do Estado nas favelas. Ruas asfaltadas ajudam o policiamento, a fiscalização e a implantação de serviços públicos, como luz e água corrente. A previsão é que as obras comecem ainda este ano. Com os policiais por lá.
O planejamento é abrangente, a ação é ousada, a intenção é corajosa. Mas vai piorar antes de melhorar. A manchete da revista Carta Capital diz: Rio de Janeiro antes do Apocalipse.
O que se pode esperar? Ataques terroristas ao Pan, como represália? Ônibus queimados? Novas disputas territoriais entre traficantes? O programa Domingo Espetacular, da TV Record, mostrou conversas telefônicas entre facções rivais de traficantes. Uns comemorando a derrota dos outros.
- Não tem mais viciado pra comprar teu pó? - pergunta um deles, em tom de gozação.
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