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24.5.06

CURIOSIDADE LEVA ADVOGADA DE MARCOLA À CPI

Maria Cristina Rachado é advogada de Marcola, chefe do PCC. Mariola achou que seu cliente estaria no Congresso na quarta-feira 10 de maio. Pegou um avião para Brasília. Quando chegou aqui, viu que não teria depoimento nenhum, e como não tivesse mais o que fazer, ficou no Congresso tomando cafezinho. Encontrou Sergio Wesley da Cunha, advogado de Leandro de Carvalho, presidiário acusado de vender armas ao PCC. Sergio estava na CPI do Tráfico de Armas porque dois delegados da Polícia Civil de São Paulo, que investigam o PCC, prestaram depoimento na CPI.

O depoimento era sobre a investigação contra Leandro, e Sergio queria participar da conversa. Os delegados pediram uma sessão secreta, e se trancaram com os parlamentares numa salinha do Congresso. Como é regra numa CPI, a conversa foi gravada por um funcionário do Congresso. Enquanto o tal funcionário saía e entrava da salinha para tomar café, começou a conversar com Sergio e Maria Cristina, que esperavam do lado de fora. Sergio insistiu com o funcionário que queria o depoimento, porque na sua opinião, era um direito constitucional de seu cliente. Mariola participou da conversa porque não tinha mais o que fazer.

O funcionário, muito prestativo, saiu da sala com o depoimento. Disse que só poderia fazer cópias do CD num shopping de Brasília. Sérgio foi junto, no interesse do seu cliente. Mariola também, por “curiosidade”. Mariola pagou o táxi e o serviço de reprodução. Se despediram, e Sergio seguiu para o aeroporto. Mariola perdeu a “curiosidade” e entregou seu CD para o funcionário do Congresso. Tudo na quarta, dia 10.

Sergio admitiu ter ouvido o CD, mas não o passou a ninguém. Mariola, nem ouviu o CD. Foi a história que contaram ontem na CPI do Tráfico de Armas.

No CD, os delegados disseram que iam transferir de presídio 700 presos ligados ao PCC, inclusive Marcola, que foi para um presídio de segurança máxima. Na sexta 12, estouraram rebeliões em mais de 30 presídios paulistas e começou a matança de policiais. Há informações que o depoimento dos delegados foi transmitida para os presídios via celular, na quinta-feira dia 11.

A se acreditar nos doutores do crime, conclui-se o seguinte:

Sergio ouviu o depoimento e achou que ali não tinha nenhuma informação que interessasse ao seu cliente, afinal não tratou disso com ninguém. O trabalho de vir a Brasília e pegar o CD foi inútil.

A curiosidade de Mariola é grande, mas passa rápido.

O funcionário do Congresso acredita na livre informação e conta o que for a quem quiser ouvir. Inclusive conversas dos outros.

As rebeliões e a matança em São Paulo não tivera nada a ver com a transferência de presos do PCC. Foi outro motivo, não se sabe qual.

Se a história deles for conversa de advogado, a conclusão é outra:

De posse do CD, os dois ou um deles avisaram seus clientes. Os bandidos não gostaram dessa história da transferência e ordenaram à bandidagem que tocassem o terror em São Paulo, pra mostrar que bandido não é trouxa.

Então, resta a dúvida: na CPI, os advogados escolheram falar a verdade ou simplesmente apresentaram sua defesa?

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