jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

1.5.06

FALA, FRANKLIN

Franklin Martins resolveu ignorar Diogo Mainardi. O comentarista da Rede Globo tem uma irmã no Ministério do Planejamento, um irmão na diretoria da Agência Nacional do Petróleo e sua esposa trabalha para Aloizio Mercadante. Poderia escrever outro artigo intitulado “tenho, e daí?”, onde explicaria suas regras de conduta para não misturar conversas de família com apuração jornalística. Talvez algumas de suas regras estejam na lista a seguir:

Ninguém fala de trabalho na mesa de jantar. Nem na cama.

Tudo que ouve da família fica em off.

Os contratantes dos parentes ficam fora de sua pauta.

Ele usa tudo que descobre dos parentes. Trouxas são os que contratam parentes de jornalistas.

Franklin já disse que “jornalista não é notícia”. Pela mesma lógica, “parente não é fonte”.

Ainda nessa lógica, “patrão de parente de jornalística não é notícia”. Pelo menos para o jornalista em questão.

Os parentes de Franklin Martins têm o direito de trabalhar onde quiserem, e nada o impede que ele continue dando opiniões na Globo, na CBN e na Globonews. Mas se ele quiser continuar falando de “jornalismo com espírito público e ética”, seria bom que não fugisse a uma discussão que ele mesmo alimentou. Espírito público e ética são princípios que devem ser seguidos por todos, de preferência por quem trabalha no governo. Para jornalistas, outros princípios interessantes seriam disposição de discussões públicas e exposição de suas convicções. Principalmente nos casos de jornalistas cujos nomes já são griffes. É o caso de Franklin Martins. Ele mesmo disse isso.

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