jornalismo, cultura e a opinião que ninguém pediu

15.4.07

O PT ACHA QUE FALAR RESOLVE TUDO



Tem muita gente (mas muita gente mesmo) no PT que acha que governar é fazer oposição: basta falar, que tudo se resolve. O ministro da Justiça, Tarso Genro, está nesse clube. Para resguardar Lula, já desafiou a lógica, a semântica e a sintaxe (pergunte a ele sobre o mensalão). Neste domingo, escreve um artigo na Folha, intitulado "Violência e Estado". Seguem trechos:

"Precisamos, para resgatar a confiança do povo no seu poder constituinte, de programas municipais, estaduais e federais, que integrem as políticas de segurança pública com as políticas sociais, e para isso é preciso, em primeiro lugar, ter 'foco' determinado (o que não significa artesanato ou micro-experiências localizadas), 'centro' em grandes áreas metropolitanas, sobre faixas etárias específicas (juventude) mais sensíveis e 'prioridade social' para setores mais atingidos pela criminalidade, face a carências culturais e econômicas."

"Essas políticas devem ser cientificamente programadas pelos entes da federação, e à medida em que abrirem perspectivas de vida para milhões de jovens, darão um novo sentido democrático ao crescimento econômico e ajudarão a relegitimar a própria repressão ao crime. As medidas de natureza puramente policial são insubstituíveis, mas elas só incidem sobre o presente imediato."

Tarso Genro diz que "precisamos" de programas que intergrem políticas, e que essas políticas "devem" ser cientificamente planejadas. Tá. Ele só esquece que quem "precisa" e "deve" é ele, ministro da Justiça e chefe da Polícia Federal. Gastou um espaço de 600 palavras no jornal de maior circulação no país. Poderia usar o tempo que levou para escrever esse artigo para escrever uma lei, uma minuta que fosse, que integrasse as polícias; ou mesmo um manifesto, dirigido aos sindicatos da categoria, que chamasse a atenção dos policiais quanto ao tal "foco" que ele quer.

Entre trabalhar e fazer proselitismo, Tarso Genro (e boa parte do PT) prefere a a segunda opção.

2 comentários:

Unknown disse...

Com certeza!

Todos nós sabemos da necessidade de se fazer uma reforma na estrutura policial brasileira.

De unificar a polícia civil e a militar. Criar uma nova polícia.

O problema é que a Constituição determina a forma de polícia que temos.

Cabe ao Governo Federal movimentar sua força política no Congresso e alterar o dispositivo constitucional de modo a determinar o fim da separação entre polícia militar e civil.

Ou liberar os Estados para que cada um reforme sua polícia de acordo com suas necessidades.


Concordo que o Ministro da Justiça deveria estar trabalhando nessas e em outras medidas, ao invés de apenas falar, falar e falar.

Leonardo Echeverria disse...

Maurício, problemas têm vários. Pode-se escolher entre centenas de soluções. Qualquer uma é melhor que nada. Soldados da PM ganham uma miséria, as delegacias não são informatizadas, não existe um cadastro nacional de criminosos. Eu tb sou simpático à unificação das polícias, mas é um processo longo e trabalhoso. Até lá, dava pra fazer muita coisa. Mas até agora, não aconteceu absolutamente nada. Quer dizer, tem essa Força Nacional de Segurança, mas eu não sei de ninguém que eles prenderam.