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1.4.07

O EIXO DO MAL ATACA: E AGORA, BUSH?


Na semana passada, 15 marinheiros ingleses foram capturados pelo governo do Irã enquanto navegavam em um bote por suas águas. Estão presos, suspeitos de espionagem. Tony Blair, parceiro de Bush na invasão do Iraque, jura por Deus que seus marinheiros estavam no mar desse país, não do Irã (os dois países dividem fronteiras).

O fato é que todo o mundo está de cabelo em pé. Afinal, o Irã é um dos países que Bush chamou de "eixo do mal", logo após os ataques do 11 de setembro. Outro era o Iraque, que já levou bomba. Há menos de um mês, multiplicavam-se na imprensa notícias sobre uma possível ação militar americana contra o Irã, uma vez que o presidente Mahmoud Ahmadinejad iniciou no país atividades de enriquecimento de urânio, o que poderia (poderia, do verbo pode não ser) ser usado para o Irã desenvolver uma bomba atômica.

Bush classificou a prisão dos marinheiros ingleses de "inaceitável" e "imperdoável". Blair disse que a Grã-Bretanha pensa em entrar numa "fase diferente" da diplomacia. De seu lado, Mahmoud Ahmadinejad quer ouvir desculpas de Blair, uma vez que os ingleses é que estão errados. Vale lembrar que em 2004 outros oito marinheiros britânicos foram presos pelo mesmo motivo, e foram libertados após pedirem desculpas na TV.

O Irã mostrou imagens de alguns dos militares presos, todos em bom estado (foto acima). Bem diferente dos presos de Guantánamo, que ninguém sabe quem são, nem em que condições estão. O jornalista Elio Gaspari lembrou do tratamento que foi dado ao brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres, há dois anos. Jean foi executado no meio da rua com cinco tiros. "Felizmente, os iranianos não passaram a turma da Real Marinha nas armas".

Em tempo: Bush e Blair, os irmãos cara-de-pau, agora deram para dizer que estão no Iraque com autorização da ONU. Mentira da grossa. Em novembro de 2006, a ONU permitiu que as forças de coalização continuassem lá, pois o pedido veio do presidente iraquiano, Hamid Karzai (que eles mesmo botaram no poder depois de Saddam). O que eles esqueceram de dizer é que, na época da invasão, em 2003, a ONU se negou a avalizar a invasão. Que, nunca é demais lembrar, matou mais de 100.000 iraquianos em quatro anos.

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